“Este 11 de setembro vai ser diferente porque o Chile já não é o mesmo”, afirmaram os organizadores da grande marcha deste domingo em homenagem ao ex-presidente Salvador Allende e às vítimas do pinochetismo.
Na convocação ao tradicional tributo, a Associação de Familiares de Detentos e Desaparecidos (AFDD) e o Grupo de Familiares de Executados Políticos ressaltaram a singularidade desta comemoração neste ano, inscrita em um clima de mobilizações sociais com características anti-neoliberais.
Esperamos que esta seja uma homenagem massiva, destacou Lorena Pizarro, presidenta da AFDD, que reflexionou a respeito do significado da mobilização deste dia, convocada para render tributo e também para demandar a construção de uma verdadeira democracia no Chile, sublinhou.
Convidamos as famílias a unir-se a esta manifestação para que ganhemos o direito de manifestar nas ruas, destacou Pizarro.
Para hoje está prevista a habitual peregrinação de cada 11 de setembro no Chile, que vai até o Cemitério Geral, partindo desta vez da central Praça dos Heróis de Santiago.
O Museu da Memória programa além disso “uma homenagem audiovisual para os homens e mulheres mortos pela violência de Estado entre 11 de setembro de 1973 e 10 de março de 1990″.
A iniciativa consiste em projetar em uma tela gigante umas duas mil fotografias de pessoas que foram assassinadas ou desaparecidas durante o regime de terror imposto pela ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990).
Como parte do tributo ao líder da Unidade Popular, foi realizado ontem um emotivo ato político e cultural na praça da Constituição desta cidade, do qual participaram destacadas bandas musicais chilenas como Legua York e Los Rockers, além de cantores populares, poetas e atores.
“Salvador Allende inspira e é parte da reconstituição hoje do povo chileno que luta”, destacou na ocasião o presidente do Comitê Executivo do Socialismo Allendista, Esteban Silva.
“Allende, acrescentou, está mais vivo que nunca hoje na luta dos estudantes por uma educação estatal e laica, e na demanda por uma Assembleia Constituinte por uma nova Constituição”.
Enfatizou também o legado do ex-presidente seu próprio neto Pablo Sepúlveda Allende, quem mencionou a efervescência social que vive o país sul-americano e a vigência do pensamento allendista nas lutas atuais do povo de Chile.
Marcaram presença também no ato um grupo de parlamentares da Argentina, Brasil e Uruguai que assistem como delegados ao Terceiro Encontro Latino-americano pela Verdade e a Justiça, inaugurado na última sexta-feira na Universidade de Santiago.
Que estranho paradoxo sobre Allende, apontou dias atrás o escritor chileno Antonio Skármeta: “Um homem que teve três funerais e se mantém muito vivo no coração de seu povo”.
Fonte: Cubadebate
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