Todos os sindicatos decretaram a greve. A adesão ao movimento é tamanha que já no primeiro dia de greve a empresa teve que anunciar que cerca de cinco milhões de correspondências deixaram de ser entregues. Esse número, no entanto, já ultrapassou a faixa de 28 milhões, o que dá uma ideia da enorme mobilização da categoria
Na noite da terça-feira, 13, os 35 sindicatos que compõem a categoria dos trabalhadores dos Correios realizaram assembleias gerais para aprovar a greve nacional . O grito dos trabalhadores ecetistas em todo o País foi um só: greve geral por tempo indeterminado.
A medida já era de se esperar, uma vez que a categoria vinha de um Acordo Bianual, ou seja, estava sem receber aumento há dois anos. Não só isso. Enquanto os trabalhadores ecetistas ficaram amargando o criminoso acordo bianual de 2009 – assinado pelo famoso Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol) – a empresa altamente lucrativa aproveitou a deixa para aumentar ainda mais a exploração dos funcionários. Dobras e horas extras se tornaram a regra dentro da empresa. Nesse período, nenhum único funcionário foi contratado em todo o País, enquanto que o trabalho quase que triplicou, com a direção obrigando os ecetistas a trabalhar nos sábados e, inclusive, nos domingos.
Os ataques, no entanto, não pararam por ai. O convênio médico, uma das maiores conquistas dos trabalhadores dos Correios, está sendo sucateado de forma vergonhosa. Vários hospitais já foram cortados do plano e regiões inteiras, como o interior do estado do rio Grande do Sul e de Minas Gerais, que simplesmente, não tem convênio para os ecetistas.
Como se vê, a mobilização era algo inevitável, já que seria impossível convencer qualquer trabalhador que diante de uma exploração tão grande o mesmo não teria que lutar por melhores salários e condições de emprego.
A situação, no entanto, piorou ainda mais com a investida do governo Dilma Rousseff, que colocou em votação no Congresso Nacional a privatização da Empresa.
Trabalhadores querem luta e burocracia tenta impedir a mobilização
Todas as condições para uma forte mobilização, inclusive a maior dos últimos tempos, estavam dadas. Os trabalhadores estão visivelmente dispostos a lutar manifestando uma tendência combativa que não se via desde a greve de 2003.
Diante dessa ampla tendência de luta a burocracia sindical que dirige a Federacão Nacional, o Bando dos Quatro, tratou de articular em conluio com a empresa e o governo, uma forma de acabar o movimento antes mesmo que ele acontecesse, pois havia um risco muito grande que a burocracia perdesse o controle da greve, como de fato está acontecendo.
A medida mais aberrante adotada pelo Bando dos Quatro para tentar impedir a luta dos trabalhadores foi uma tentativa frustrada de antecipação da greve. A manobra consistia em jogar para a ala mais “esquerdista” do Bloco, o PSTU, a proposta de antecipar, em meia dúzia de estados, a greve unitária do dia 14 para o dia 31, provocando a divisão da categoria e a derrota prematura da greve. A proposta de dividir a greve dos trabalhadores servia apenas e tão somente aos interesses da empresa. Esta proposta foi derrotada em todas as assembleias em que foi apresentada, mostrando a tendência unitária dos trabalhadores dos Correios.
Qualquer um sabe que as greves só são fortes quando existe a unidade da categoria, quanto mais trabalhadores juntos, maiores serão as chances de a categoria sair vitoriosa. O PSTU, no entanto, propôs que meia dúzia de sindicatos saíssem sozinhos na greve, para que posteriormente o PT e PCdoB pudessem justificar o fracasso da greve, terminando por retirar apoio ao movimento. Estava sendo preparado sob uma fachada “esquerdista” o desmonte desta que é a maior greve dos últimos 10 anos.
A manobra foi duramente criticada pela corrente Ecetistas em Luta que alertou os trabalhadores sobre o real caráter da medida. Os trabalhadores logo entenderam o truque da burocracia e rejeitaram a proposta.
Greve é aprovada por consenso na grande maioria dos estados. Mobilização cresce a cada dia
Diante desse primeiro fracasso, o Bando dos Quatro foi obrigado a chamar as assembleias e deflagrar a greve. Aqui vale destacar o tamanho das assembleias.
Na maioria dos sindicatos, as assembleias de greve bateram recordes. Um exemplo bastante claro foi o que ocorreu em São Paulo, onde o sindicato é controlado pelo PCdoB. Os pelegos do PCdoB fizeram de um tudo para dificultar a participação dos trabalhadores, a começar pela escolha do local da assembleia, feita em local de difícil acesso e a portas fechadas.
Essas dificuldades, aliadas ao fato de que o sindicato não convoca minimamente as assembleias, não existe boletim, nem mesmo carro de som, não foram suficientes para impedir a participação massiva dos trabalhadores. Para completar, o PCdoB e o PSTU armam um esquema para impedir a oposição e os trabalhadores em geral de falar nas assembleias.
Os sindicalistas pelegos de S. Paulo não organizam piquetes e procuram evitar a sua organização por parte dos trabalhadores.
Mais de quatro mil pessoas estiveram presentes e aprovaram a greve por unanimidade. Essa mesma realidade se espalhou por todos os estados, mostrando que não se tratava de um problema local, mas da demonstração da tendência de luta dos trabalhadores.
Em Minas Gerais, onde essa tendência de luta está aliada a uma política combativa por parte do sindicato, o resultado não poderia ser outro que não o fato dessa ser a greve mais radicalizada do País, com realização de vários protestos e manifestações. Os trabalhadores mineiros chegaram a parar o Complexo Operacional, o principal setor, com piquetes de mais de 300 pessoas. O significado dessa ação foi que a distribuição não só de todo o estado de Minas Gerais, como do País inteiro foi praticamente interrompida. Um prejuízo incalculável para a empresa.
Além de todas essas demonstrações de força por parte dos trabalhadores, o que mais deixa claro o tamanho da greve são os números apresentados pela própria empresa. No dia que os trabalhadores dos Correios iniciaram a greve a empresa afirmou em seguida que cerca de cinco milhões de correspondências deixaram de ser entregues. Esse número rapidamente cresceu. De acordo com o segundo balanço divulgado pela empresa, mais de 28 milhões de objetos deixaram de ser entregues, o que representa 40% das 70 milhões de encomendas previstas para serem entregues nos dois primeiros dias da greve.
É evidente que se trata de um movimento massivo, uma luta não apenas por melhores salários, mas em defesa do emprego dos trabalhadores. Nesse sentido, o que está colocando para a categoria é manter a greve e aumentar a mobilização, com ações cada vez mais radicalizadas. Essa é a linguagem que os patrões entendem e essa é a única forma que a categoria tem para conquistar suas reivindicações.
A tarefa do momento é convocar ampla e ativamente a solidariedade dos trabalhadores e de toda a população para esta enorme luta contra a privatização dos correios levada adiante pelo governo do PT, PCdoB e PMDB.
Todo apoio à greve dos trabalhadores dos Correios!
Não à privatização!
Pelo atendimento de todas as reivindicações!
Fonte: PCO
Nenhum comentário:
Postar um comentário