Pra quem na sociedade, ao evitar buscar mais informações, ainda vem  dando ouvidos às versões infantis de que no Santuário ou em Brasília  nunca houve "índios de verdade"(sic), segue mais uma manifestação de peso. 
Uma das mais importantes entidades do movimento indígena brasileiro, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira -  COIAB, lançou nota de apoio à luta travada pela comunidade do Santuário  junto a diversas entidades da sociedade civil organizada, movimentos  sociais e apoiadores e apoiadoras individuais.   
Na nota, a entidade dá testemunho da sistemática  omissão do poder público diante dos direitos indígenas, um dos aspectos  centrais apontados pela comunidade e pelo movimento de resistência entre  os fatores de vulnerabilização do território e da integridade dos  membros do Santuário dos Pajés. Além disso, a COIAB exige a  punição exemplar dos responsáveis pela violência contra aquela  população, o reconhecimento do Laudo Antropológico que comprova a ocupação tradicional da área (negada sem embasamento por diretores da Funai e por seu procurador geral, Antônio Marcos Salmeirão) e, por fim, a criação do GT de identificação, delimitação e demarcação da Terra Indígena, como é previsto pela Lei de Terras Indígenas.   
A nota confirma ainda duas informações importantíssimas: reconhece a ocupação tradicional da área desde a década de 50 (época da construção de Brasília); e, ao concluir, atesta que ao longo desse tempo "os  povos que habitam o Santuário dos Pajés vêm perpetuando seus valores e  conhecimentos tradicionais, como fonte inabalável de sabedoria e bem  viver".
  Tal manifestação vem se somar ao reconhecimento da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), além das firmes demonstrações de apoio do Cimi e da Carta à população  subscrita por movimentos, sindicatos, coletivos e organizações civis.  Vem cada vez se tornando mais claro o quanto o posicionamento dos  diretores da Funai a respeito do Santuário dos Pajés é isolado e apenas  encontra paralelo junto às afirmações das Empreiteiras e dos órgãos que  sofrem interferência direta do seu poder econômico.
  Informem. Divulguem. Apoiem.
03.11.2011
NOTA DE APOIO AO SANTUÁRIO DOS PAJÉS
 
 
A  COIAB vem por meio desta, manifestar o seu apoio aos parentes do  Santuário dos Pajés, em Brasília, que estão vivendo um momento muito  preocupante, de fortes embates, em defesa da garantia de seu sagrado  direito a Terra.
  O  Santuário dos Pajés, localizado no plano piloto da Capital Federal,  desperta o interesse de empreiteiros para construção de um condomínio de  luxo, expulsando as famílias indígenas do local. O que é uma verdadeira  afronta aos direitos dos povos indígenas que tradicionalmente habitam o  local desde a década de 1950.
  Há  tempos acompanhamos o descaso do poder público em questões que envolvem  a territorialidade para os povos indígenas. O movimento indígena no  Brasil tem travado uma batalha imemorial pelo direito aos seus  territórios livres da ação de invasores, do agronegócio, pela demarcação  e reconhecimento de seus territórios, que são verdadeiras frentes de  combate ao desmatamento.
  Exigimos  que os direitos indígenas sejam garantidos e respeitados, conforme  regem a Constituição Federal e Organismos internacionais de direitos  humanos, dos quais o Brasil é signatário.
  Que  a FUNAI, enquanto órgão indigenista oficial apure as atrocidades  cometidas contra as populações do local, para que a violência contra os  nossos parentes seja combatida e os responsáveis sejam exemplarmente  punidos.
  Que  seja oficialmente encaminhado à Justiça o laudo antropológico concluído  sob a coordenação dos Antropólogos da ABA (Associação Brasileira de  Antropologia) já entregue às lideranças indígenas do Santuário, ao  Ministério Público Federal e aos servidores da FUNAI, documento este que  atesta o Santuário dos Pajés como sendo Terra Tradicionalmente Ocupada  por comunidade indígena.
  Por  fim, exigimos da FUNAI que seja criado um Grupo de Trabalho, no intuito  de vir a identificar, delimitar, demarcar e proteger aquele território  tradicional dos povos que habitam o Santuário dos Pajés que há décadas  vêm perpetuando seus valores e conhecimentos tradicionais, como fonte  inabalável de sabedoria e bem viver.
Manaus, Amazônia Brasileira, 01 de novembro de 2011
Saudações Indígenas,
COORDENAÇÃO DA COIAB
 
 
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